Virrosas: indústria mais antiga do PIM busca “invadir” a Europa com sabores da Amazônia

Açai liofilizado e molhos de pimenta e tucupi estão na mira do mercado europeu
A indústria de alimentos e bebidas movimentou em 2024 um valor maior que R$ 1,2 trilhão, o equivalente a 10,8% do Produto Interno Bruto do Brasil, gerando pouco mais de dois milhões de empregos e processando 283 milhões de toneladas de alimentos.
No Polo Industrial de Manaus (PIM), a indústria mais antiga é justamente deste segmento pujante da economia brasileira, a Virrosas, fundada em 1913 pelo imigrante português Virgílio Rosas, e que hoje tem um portifólio com mais de 40 produtos, apresentados em quase 100 versões diferentes, que abastecem as cozinhas dos amazonenses e também dos demais Estados da Região Norte.
O carro chefe ainda é o vinagre, produto desenvolvido por Virgílio e que está na casa de quase todos os amazonenses. A ideia da produção vinagre em Manaus surgiu da oportunidade de usar os barris de carvalho que vinham da Europa com vinho e licores, importados para abastecer no início do século passado as adegas das famílias ricas que estavam “curtindo” os últimos capítulos da economia da borracha.
Mas além das linhas de produção de vinagre, que hoje podem ser encontrados nas versões saborizadas, aromatizadas e gourmet, a Virrosas produz molhos de pimenta, shoyu, inglês (worchestershire); condimentos (ketchup, maionese, mostarda, barbecue, etc.); temperos (pasta de alho, azeite de dendê, temperos especiais para frango e carne); e produtos de higiene e limpeza (alcool em diferentes versões).

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Inversão de papéis históricos
Quando o então candidato ao Governo do Estado Israel Tuyuka afirmou, na campanha de 2022, que estava na hora do Brasil invadir Portugal e a Europa, muitos eleitores riram e acharam engraçado um indígena propor uma inversão de papéis históricos, mas na indústria de alimentos essa “invasão” é uma realidade, que será ainda mais acentuada com a assinatura, no próximo dia 20 do acordo Mercosul e União.
Será o maior acordo de livre comércio do mundo, com empresas brasileiras tendo acesso a um mercado de 718 milhões de pessoas, que geram um PIB combinado de US$ 22 trilhões.
Diretor da Virrosas, Pedro Monteiro afirma que, independente das possibilidades abertas pelo acordo, a mais antiga indústria do PIM há muito prospecta “invadir” a Europa com produtos da Amazônia.
“Vimos que há produtos nossos, como o açaí, o tucupi e mesmo o dendê que não é da Amazônia, mas que nós fabricamos em Manaus, têm um grande potencial e estamos entrando na Europa via Portugal”, afirmou.
Monteiro revela que o representante comercial da empresa já colocou o tucupi amazonense em restaurante de Paris, da Espanha e Inglaterra. O primeiro lote de produtos foi pequeno, mas hoje já alcançou a marca de quase 4 mil unidades exportadas e há planos muito mais ambiciosos, como a exportação de açaí liofilizado

Para seguir crescendo e conquistar novos mercados com os sabores da Amazônia, Pedro conta que a empresa pretende investir quase R$ 4 milhões em 2026, elevando a capacidade de produção e gerando mais empregos, subindo de 70 para mais de 100 funcionários trabalhando em duas plantas em Manaus, uma industrial e outra um Centro de Distribuição.
O investimento também será a mola para a inovação e já nos primeiros meses de 2026 entrará em funcionamento uma máquina que permitirá a produção do molho de pimenta de tucupi ser vendido em sachês, como os de maionese, ketchup e mostarda que são encontrados nas lanchonetes de Manaus.
Confira uma receita de bolinho de vinagre:
Ingredientes:
- 3 ovos;
- 3 colheres de sopa de vinagre;
- 3 colheres de sopa de óleo;
- 1 colher de sopa de fermento em pó;
- 1 copo de açúcar e farinha de trigo até dar o ponto de massa de pão;
Modo de preparo:







