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Caso Benício: depoimento aponta dose de adrenalina 15 vezes maior que a recomendada

O caso segue sob investigação, e o menino morreu no dia 23 de novembro após receber o medicamento de forma indevida
12/12/25 às 18:00h
Caso Benício: depoimento aponta dose de adrenalina 15 vezes maior que a recomendada

Foto: Arquivo Pessoal

Benício Xavier, de 6 anos, teria recebido uma dose de adrenalina cerca de 15 vezes maior do que a recomendada em situações de parada cardiorrespiratória. A informação foi apresentada pela coordenadora da UTI pediátrica do Hospital Santa Júlia, Ana Rosa Pedreira Varela, em depoimento à Polícia Civil nesta quinta-feira (11/12). O caso segue sob investigação, e o menino morreu no dia 23 de novembro após receber o medicamento de forma indevida.

De acordo com o relato de Ana Rosa, a criança sofreu uma overdose de adrenalina, o que teria comprometido tecidos vitais dos pulmões, rins e coração. Ela explicou que, em geral, um adulto de 70 a 100 quilos em parada cardiorrespiratória recebe 1 ml de adrenalina pura. No caso de Benício, segundo o depoimento, foram aplicados 3 ml diretamente na veia, apesar de o menino ter chegado ao hospital andando, com quadro de laringite.

Além de Ana Rosa, a médica Alexandra Procópio da Silva também prestou depoimento e trouxe informações consideradas relevantes para o esclarecimento do caso. Segundo ela, a UTI enfrentava falta de equipamentos essenciais para intubação, como máscara laríngea e bugi. A médica afirmou que a ausência é comunicada aos chefes de setor, mas que a reposição dependeria de autorização dos proprietários do hospital. Alexandra relatou ainda que itens em tamanhos adequados para crianças costumam faltar, o que limitaria a atuação da equipe, e isso teria ocorrido também no atendimento de Benício.


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A Polícia Civil apura o caso como homicídio. A médica Juliana Brasil Santos, que teria prescrito a dose de adrenalina, e a técnica de enfermagem Raiza Bentes, responsável por aplicar o medicamento, são apontadas como suspeitas. Juliana admitiu o erro em documento enviado à polícia e em conversas com o médico Enryko Queiroz, embora a defesa alegue que a confissão ocorreu “no calor do momento”.

Em depoimento, Raiza afirmou que apenas cumpriu a prescrição ao aplicar a adrenalina de forma intravenosa e sem diluição. Ela também declarou que informou a mãe de Benício sobre o procedimento e chegou a mostrar a prescrição antes da aplicação.

As duas respondem ao inquérito em liberdade. Juliana obteve habeas corpus que impede sua prisão, enquanto Raiza não teve o mesmo benefício. As decisões foram concedidas por desembargadores diferentes durante o plantão judicial.