Indicação de Flávio à Presidência derruba bolsa e dispara dólar

(Foto: Agência Senado)
A escolha do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como aposta de Jair Bolsonaro para a disputa presidencial de 2026 provocou forte reação negativa no mercado financeiro nesta sexta-feira (5/12). A notícia derrubou a bolsa brasileira e impulsionou a disparada do dólar, revertendo a sequência de altas que vinha marcando o início de dezembro.
O Ibovespa, que mais cedo havia renovado recorde ao superar os 165 mil pontos, encerrou o dia em queda de 4,31%, aos 157.369 pontos, o pior desempenho diário desde fevereiro de 2021. Com isso, o índice terminou a primeira semana do mês acumulando baixa de 1,07%. No ano, porém, ainda registra avanço superior a 30%.
O dólar à vista subiu 2,34% e fechou cotado a R$ 5,43, apesar de a moeda americana ainda acumular desvalorização no ano frente ao real. A aversão ao risco também afetou os juros futuros: contratos para 2028 e 2032 dispararam, acompanhando a escalada da moeda norte-americana.
Analistas afirmam que a indicação de Flávio Bolsonaro desagradou investidores que viam no governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o nome mais competitivo da oposição contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A leitura é de que a movimentação divide o campo oposicionista e aumenta a incerteza sobre o rumo fiscal caso o senador avance na disputa.
Leia mais
Políticos da esquerda comentam indicação de Flávio Bolsonaro: “Estupidez de Jair Bolsonaro”
Ala da direita no AM repercute escolha de Flávio Bolsonaro na corrida para presidência em 2026
Para especialistas do mercado, a escolha sinaliza um cenário eleitoral mais polarizado e com menos previsibilidade para a condução econômica. Além disso, há percepção de que a oposição poderia apresentar um discurso mais alinhado à responsabilidade fiscal, algo que investidores avaliavam de forma mais clara em Tarcísio.
O anúncio também é interpretado por analistas políticos como uma tentativa da família Bolsonaro de manter protagonismo dentro do bloco de centro-direita, em meio ao avanço de outras lideranças que buscam ocupar espaço para 2026.
Apesar da turbulência, a curva de juros ainda indica que o Banco Central pode iniciar um ciclo de cortes da Selic em janeiro. Atualmente, a taxa está em 15% ao ano.
No cenário externo, os títulos do Tesouro americano operaram em alta enquanto investidores aguardam a decisão do Federal Reserve na próxima semana. Indicadores divulgados pelo Departamento do Comércio mostram que o índice de preços PCE avançou 0,3% em setembro, reforçando expectativas de ajuste moderado na política monetária.
*Com informações do Istoé Dinheiro.






