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Células modificadas vencem leucemia agressiva e colocam pacientes em remissão histórica

Tratamento com células imunológicas modificadas alcança resultados expressivos em crianças e adultos com leucemia resistente
13/12/25 às 09:56h
Células modificadas vencem leucemia agressiva e colocam pacientes em remissão histórica

Células linfoblásticas T da leucemia aguda na medula óssea: poucas opções quando o tratamento principal falha – (crédito: WikimediaCommons/Divulgação

Uma nova terapia baseada em células imunológicas geneticamente modificadas levou à remissão de pacientes com um tipo raro e agressivo de câncer no sangue, a leucemia linfoblástica aguda de células T (LLA-T). O tratamento foi desenvolvido por pesquisadores da University College London (UCL) e do Hospital Great Ormond Street (Gosh), no Reino Unido. Os 11 participantes do estudo, entre crianças e adultos, já haviam passado por outras terapias sem sucesso.

Batizada de BE-CAR7, a terapia gênica considerada pioneira no mundo utiliza células do sistema imunológico modificadas para atacar a LLA-T, doença que até pouco tempo era vista como intratável. A técnica emprega a chamada edição de bases, uma versão avançada da tecnologia CRISPR que permite alterar com precisão letras individuais do DNA em tecidos vivos. Os resultados foram publicados na revista New England Journal of Medicine e, segundo os pesquisadores, o objetivo é ajudar pacientes a alcançar a remissão e oferecer nova esperança a famílias que enfrentam esse tipo de câncer.

O primeiro tratamento com edição de bases foi aplicado em 2022 em Alyssa, uma adolescente de 13 anos da cidade inglesa de Leicester. Desde então, outras oito crianças e dois adultos receberam a terapia. Ao todo, 82% dos pacientes apresentaram remissões significativas, o que permitiu a realização de transplantes de células-tronco já sem sinais da doença.

Além disso, 64% dos pacientes permanecem em remissão, incluindo aqueles tratados há cerca de três anos, que seguem sem qualquer evidência do câncer e levam uma vida normal, sem necessidade de novas terapias. Os efeitos colaterais observados, como baixa contagem sanguínea, síndrome de liberação de citocinas e erupções cutâneas, foram considerados toleráveis pelos pesquisadores.

De acordo com o professor Waseem Qasim, líder do estudo e especialista em terapia celular e gênica da UCL, os resultados reforçam o potencial da edição genômica de precisão. Segundo ele, o trabalho demonstra que células CAR-T universais, prontas para uso, conseguem identificar e destruir casos altamente resistentes de leucemia de células T.

Embora a maioria das crianças com LLA-T responda bem aos tratamentos convencionais, cerca de 20% não obtêm bons resultados. Para esse grupo, a nova abordagem surge como uma alternativa promissora, capaz de melhorar o prognóstico.


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O oncologista Márcio Almeida, membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, explica que a BE-CAR7 se diferencia da quimioterapia e do transplante tradicional por atuar de forma mais direcionada. Enquanto a quimioterapia afeta tanto células saudáveis quanto cancerosas, a nova terapia mira especificamente as células T malignas, o que pode reduzir danos ao organismo.

Outro ponto destacado é a segurança do método. A edição de bases não realiza cortes no DNA, o que diminui o risco de alterações genéticas indesejadas. Para o especialista, trata-se de uma forma de imunoterapia de precisão, com maior potência e potencialmente menos toxicidade do que os tratamentos tradicionais.

Especialistas alertam, no entanto, que a terapia não é indicada para todos os casos. Segundo Bob Phillips, consultor em oncologia pediátrica da Universidade de York, o método não deve ser visto como uma solução universal, mas como uma opção adicional para pacientes em situações muito específicas.

A imunoterapia com células CAR-T já vem sendo usada no tratamento de alguns cânceres do sangue. Ela consiste em modificar células T para expressarem receptores capazes de reconhecer e destruir células cancerígenas. No estudo britânico, a edição de bases permitiu a criação de células CAR-T universais a partir de glóbulos brancos de doadores saudáveis, que podem ser armazenadas e utilizadas conforme a necessidade.

Fonte: University College London.

 

*Com informações do Correio Braziliense.